Notícia
A água é um bem escasso e imprescindível à vida, não sendo por acaso que se tornou um dos desígnios da Humanidade, através do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 6 das Nações Unidas. As preocupações com a sua utilização racional devem fazer parte do nosso dia a dia. Naturalmente, em períodos de seca, como agora vivemos, essas preocupações devem ser redobradas. Embora o desperdício seja sempre inaceitável, perder água em tempo de seca é especialmente emblemático e notícia frequente dos media.
Em Portugal captamos cerca de 820 milhões de metros cúbicos por ano de água superficiais e subterrâneas para abastecer a população, e para isso utilizamos um vasto conjunto de outras infraestruturas, incluindo 119 000 km de condutas enterradas de distribuição de água. O que corresponde a 3 voltas à terra, acreditam? Mas temos também 250 captações superficiais, 5900 captações subterrâneas, 220 estações de tratamento, 2400 estações elevatórias e 8900 reservatórios. Muito por onde perder água, portanto.
Estima-se que, do volume captado, cerca de 194 milhões de metros cúbicos por ano (24%) sejam perdidos no processo de produção e distribuição, no valor de 200 milhões de euros. Este volume poderia teoricamente abastecer mais de 2 milhões de habitantes, mas isso é totalmente utópico, porque existirão sempre perdas físicas em qualquer sistema e em qualquer parte do mundo, por melhor que seja a gestão. Se admitirmos que conseguimos reduzir as perdas físicas para algo entre 10 e 15%, o que seria excelente, então essa poupança poderia abastecer um milhão de habitantes. Dá que pensar.
Essas perdas resultam em geral do envelhecimento gradual das redes ou de avarias por deficiências de construção ou fatores externos. Nas zonas urbanas as perdas reais devem estar abaixo dos 100 litros por ramal e por dia, mas atualmente a média nacional é de 125, portanto acima da meta, com cerca de um quarto das entidades gestoras com mau desempenho, chegando algumas a atingir quatro vezes e meio o limite estabelecido. Analisando-se a evolução anual dos indicadores de perdas reais de água, verificamos uma estagnação das médias nacionais nos últimos anos, o que é naturalmente preocupante.
Tal como o problema mais geral da seca, a questão está em saber se queremos, enquanto sociedade, atuar casuisticamente sobre as perdas, como frequentemente acontece, ou se preferimos atuar de forma planeada numa perspetiva de sustentabilidade.
Sem prejuízo de intervenções pontuais necessárias, a solução estrutural passa pela combinação de um “triângulo virtuoso”: melhoria da governança das entidades gestoras, capacitadas e modernizadas para poderem ter uma gestão mais eficiente; modernização das práticas de gestão dos sistemas, melhorando a operação, resiliência e a reabilitação das redes para que não se degradem; adequada política tarifária, gerando as receitas efetivamente necessárias para que tudo isso aconteça.
Mas para isso é necessário que o verdadeiro valor da água seja mais reconhecido por todos, desde decisores a consumidores.
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